Horário síncrono: 19h30 – 21h30 (Horário de Brasília)
Datas das aulas: 08/11, 22/11, 29/11 e 06/12
Gravações disponíveis até: 06/01
Valor: R$200
Emitimos certificado na categoria de curso livre online
O objetivo desse curso é refletir sobre o futebol e sua relação com a sociedade contemporânea, a partir de uma perspectiva crítica quanto ao processo de modernização do esporte mais popular do planeta. Visando eventos históricos marcantes para o desenvolvimento do processo de mercantilização do futebol – como a Copa do Mundo. Analisaremos também o futebol dentro de uma lógica social e mercadológica, tendo como base teórica conceitos centrais da Escola de Frankfurt, como reificação e indústria cultural. Diante destes pressupostos, confrontaremos o futebol como expressão popular com o valor mercadológico, que ele adquire a partir do processo de modernização capitalista dessa prática esportiva.
PROFESSORES
Caio Rubini é mestre em Pensamento Político e Social (Filosofia) pela University of Sussex (Reino Unido), Historiador e professor de História pela Universidade de São Paulo (FFLCH/FE-USP) e bacharel em Comunicação Social – Jornalismo. Atualmente trabalha como embaixador de pós-graduação na University of Sussex, e pesquisa elementos da história e filosofia do século XX, baseada na Teoria Crítica e Escola de Frankfurt, com ênfase na obra do autor Walter Benjamin.
Eduardo Cotrim é historiador e professor de História pela Universidade de São Paulo (FFLCH/FE-USP) e especialista em Museologia, Cultura e Educação pela PUC-SP. Atua como Documentalista no Centro de Documentação da Fundação Padre Anchieta e atualmente pesquisa a relação entre futebol e sociedade no mundo contemporâneo.
CRONOGRAMA
Aula 01 (08/11) – Uma breve história do futebol
Em nossa primeira aula veremos um panorama histórico do surgimento do futebol sem seus primórdios, no século XVIII. Na sequência, pensaremos na apropriação burguesa do esporte, visando a inserção dos valores da burguesia do século XIX. A partir disso, analisaremos a profissionalização do esporte na Inglaterra, e na exportação do futebol para o resto do planeta. Por fim, trataremos sobre as condições do futebol no território brasileiro durante o início do século XX.
Obras analisadas
Livros: Clientes vs Rebeldes: novas culturas torcedoras nas Arenas do futebol moderno (Irlan Santos); Futebol & Relação de consumo (Antonio Nascimento); O Futebol ao sol e à sombra (Eduardo Galeano).
Conceitos: Reificação (Lukács, Escola de Frankfurt); Tempo livre (Theodor Adorno).
O papel da mídia na profissionalização do futebol.
Aula 02 (22/11) – O pós-guerra e o futebol como negócio
Em nossa segunda aula iremos refletir sobre a transformação do futebol em negócio diante do desenvolvimento de uma sociedade de consumo atrelada ao “american way of life” durante os anos 60 e 70. Assim, analisaremos o surgimento da televisão como grande veículo de modificação radical na própria lógica do futebol e de seus torcedores. Com a chegada de João Havelange à presidência da FIFA em 1974, o coeficiente mercadológico no futebol será alargado de maneira a contemplar os amantes do esporte como consumidores, em detrimento do papel participativo e identitário preponderante até então.
Obras analisadas
Livros: Veneno remédio – o futebol e o Brasil (José Miguel Wisnik); A Sociologia do Futebol (Richard Giulianotti), A dialética do esclarecimento (Theodor Adorno).
Conceitos: A revolução televisiva (Irlan Santos); indústria cultural (Theodor Adorno).
Fontes: a mercantilização do futebol após 1974, manchetes jornalísticas da época.
Aula 03 (29/11) – O direito ao estádio
Em nosso terceiro encontro iremos analisar a história das torcidas, a relação entre torcedores, clube e estádio de futebol, e como isso se deu desde os primórdios até os fins do século XX. Para tanto, pensaremos no futebol como expressão popular que foi gradativamente cooptada pelos interesses do mercado capitalista, e a transformação de torcedores em consumidores. Destacaremos expressões análogas de torcer, enfatizando como a perseguição ostensiva a grupos específicos, geralmente estigmatizados como violentos e desordeiros, levou ao processo de aburguesamento do público dos estádios de futebol e ao estabelecimento do padrão FIFA de arenas multiuso. Para tal, nos debruçarmos sobre dois acontecimentos marcantes para este processo: o desastre de Heysel, em 1985 e o desastre de Hillsborough, em 1989.
Obras analisadas
Obras: O espetáculo das identidades e alteridades – As lutas pelo reconhecimento no espectro do clubismo brasileiro (Ariel Damo); A violência e o Futebol (Maurício Murad); Torcidas Organizadas de Futebol (Luiz Henrique de Toledo); Do espectador ao militante: a torcida de futebol e a luta pelo direito ao estádio e ao clube. (Irlan Santos e Ronaldo Hela).
Conceitos: Cultura de massa e cultura popular (Theodor Adorno); A obra de arte e sua reprodutibilidade técnica (Walter Benjamin).
Fontes imagéticas e escritas sobre as torcidas organizadas e em geral.
Aula 04 (06/12) – As arenas multiuso e o futebol moderno
Em nossa quarta aula vamos refletir sobre os desdobramentos da reificação contínua no futebol, e seu conceito final de modernização a partir dos anos 1990. Diante da criação do modelo FIFA de arenas multiuso, o cenário de modernização do futebol se estabeleceu na virada do século XX ao XXI, introduzindo novos agentes a este processo, a saber: investimentos maciços no futebol por governos autoritários; grandes multinacionais ou bilionários adquirindo clubes ao redor do globo, e a formação de clubes-empresas.
Obras analisadas
Conceitos: Futebol de plástico; futebol moderno; arenização; higienização do futebol.
Obras: “Ódio eterno ao futebol moderno”: poder, dominação e resistência nas arquibancadas dos estádios da cidade de São Paulo. (Bernardo Buarque de Holland e Felipe Tavares Lopes); Dos grounds às arenas – as quatro gerações de estádios brasileiros em perspectiva antropológica. (Ariel Damo); Arquitetura da exclusão: apontamentos para a inquietação com o conforto. (Flávio de Campos); Fanáticos, Seguidores, Fãs e Flâneurs: uma taxonomia de identidades do torcedor no futebol. (Richard Giulianotti).